Praia, cidade, serra ou campo. Quem é que não quer ter o direito de “ir e vir” garantido e ser atendido em suas necessidades independentemente de onde esteja? Foi pensando nisso que o empresário Arthur Minitti, que é de São Paulo, mas mora em Curitiba, criou a Viagem Acessível, uma agência de viagens específica para pessoas com algum tipo de deficiência física ou intelectual, e tem ajudado a construir boas memórias.
A ideia surgiu quase três anos atrás, depois de sua própria experiência tendo deficiência visual, mas mantendo uma rotina de viagens. “Eu sempre viajei muito, tanto com a minha família quanto a trabalho e as pessoas tinham curiosidade em saber como eu fazia para comprar as passagens, reservar hotel e tudo mais. Aí eu percebi que existia uma carência no mercado de turismo voltado a esse público”, diz.
Arthur conta que o trabalho da agência é personalizar a viagem e adequar as opções. “Dentro do que a pessoa fala que está buscando e até das viagens que já fez, a gente traça um perfil e vai atrás de tudo que seja adequado para ela”, explica. O pacote inclui passeios, hospedagem, restaurantes e outras experiências que sejam acessíveis para aquele visitante.
“A gente entra em contato antes com vários hotéis e pergunta, por exemplo, se há quartos para cadeirantes, como é a estrutura desde a recepção, se tem escadas e rampas, elevadores, indicações, enfim… sempre priorizando locais que permitam a autonomia do viajante”, ressalta. Agentes da empresa também visitam locais com frequência para conhecer os espaços antes de mandar os visitantes.
Experiência própria
Era atrás de uma comemoração em família pelo aniversário de 18 anos do filho que a servidora pública, Luciana Lopes Diaz Benjó, estava quando descobriu a agência de Arthur. “O Rafael é deficiente visual e eu achei muito interessante a proposta de serviço especializado”, comenta.
O destino escolhido por eles foi Blumenau e seus arredores, em Santa Catarina. “Uma coisa que eu nem tinha pensando, mas fomos a todos os museus que você possa imaginar. Algo que nós adoramos e que não era a nossa proposta inicial”, expõe.
Luciana e o marido encontraram na Viagem Acessível a facilidade que precisavam para a viagem de aniversário de Rafael. Crédito: Arquivo pessoal/Luciana Lopes
Luciana cita, ainda, como principal lembrança o Museu da Família Imperial, que tem livros em Braile apresentando o ponto turístico. “Meu filho teve oportunidade de conhecer, no livro, todo o passeio que ele iria fazer e depois passar por cada ambiente fisicamente. Foi uma experiência ímpar”, avalia.
História de vida
Arthur já nasceu com certa limitação visual, mas foi na fase adulta que a situação se agravou. “Eu tive retinose pigmentar, fui fazer um tratamento à base de laser que acabou não dando certo e aí só foi piorando”, lembra. Formado na área de TI, acabou tendo que deixar a profissão precocemente por não conseguir mais lidar com as telas e monitores.
Tempo depois – e com apenas percepções de luz e de ambiente – começou uma reaproximação com a tecnologia. “Como a condição de não enxergar era nova para mim, eu pensei que não tivesse saída, que não haveria alternativa. Foi aí que eu conheci ferramentas que faziam a leitura da tela do computador e pude voltar a trabalhar”, afirma.
Com espírito empreendedor, Arthur passou, então, a comercializar softwares e outros produtos específicos para facilitar a vida de pessoas com deficiência visual (em especial com baixa visão) e é, hoje, uma das referências nacionais e internacionais no assunto.
Fonte: https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/empresario-com-baixa-visao-cria-agencia-de-viagens-para-pessoas-com-deficiencia/?utm_source=salesforce&utm_medium=emkt&utm_campaign=newsletter-inspira&utm_content=inspira
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