Paulo (agente da RDL), Maria Lina Ferreira e seu neto. Foto: Angélica
Há alguns anos, a Prefeitura Municipal de Londrina e a Companhia de Habitação (COHAB), instauraram no bairro o projeto Habitat Brasil, propondo que os moradores do assentamento: Vale do Sol, Jardim dos Campos e Vale da Lua, fossem transferidos para outro lugar, pois segundo eles a região era propensa a acidentes. A união desses três bairros é o que conhecemos por Jardim Primavera.
Há quanto tempo a senhora mora no bairro?
R: Sou moradora há doze anos. No começo, acordava às cinco horas da manhã para buscar água na mina, e carregava 200 litros, para bater massa, e terminar a minha casa. Nesse bairro eu já vi de tudo, vi o tráfico matar e salvar pessoas, vi mulheres e crianças sendo violentadas e o meu maior erro foi a omissão.
Como surgiu o Jardim Primavera?
R: Antigamente toda essa região era conhecida como Fazenda Primavera. Alguns diziam que era fundo de vale, outros que era uma área devoluta, mas o que eu sei, é que lá onde vivíamos éramos felizes. Não tínhamos saneamento básico, mas não sabíamos o que era isso. Hoje temos, mas não funciona como deveria.
Quais são os benefícios que a população teve com a mudança?
R: A parte boa é que hoje as crianças têm acesso à escola com mais facilidade, porém perdemos nosso broto de água e nossa mata. Aqui temos também uma mata que queríamos preservar, o que eles fizeram? Cercaram toda mata e hoje ninguém tem acesso a ela é só pra olhar. As poucas calçadas que foram construídas já começaram a se quebrar. A concha, que era para ser nosso espaço de lazer, corre risco de alagamento. As crianças quando vão ao mato, voltam cheias de micose, piolho e carrapato.
Paulo Henrique de Aguiar
Agente da Rede de Desenvolvimento Local
Londrina PR
