Por HAUS – 07/06/2021
Se você nasceu até por volta dos anos 2000, é muito provável que, pelo menos uma vez, tenha utilizado ou apenas visto um orelhão pelas ruas brasileiras. Hoje praticamente extinto da cena urbana, o mobiliário completa 50 anos de sua criação em 2021 conectando gerações de brasileiros e deixando sua marca na história do design mundial.
Ela se dá, por óbvio, pela forma um tanto inusitada da cabine que protegia os aparelhos, até então fixados em paredes de farmácias, bares e outros tipos de estabelecimentos. Assinados pela arquiteta sino-brasileira Chu Ming Silveira (falecida em 1997), que à época chefiava o departamento de projetos da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), os desenhos eram três: Orelinha (para ambientes fechados), Concha (para espaços semi-abertos, como postos de combustível) e Orelhão (para ambientes abertos), e respondiam aos problemas de proteção, acústica e adequação às condições ambientais dos locais onde as peças eram instaladas.
O primeiro protótipo, batizado oficialmente Chu I, em homenagem a sua criadora, mas popularmente conhecido como Orelinha, foi feito em acrílico de 6 mm de espessura em 1971, um ano após sua criação. O modelo foi colocado em teste no edifício-sede da antiga Companhia Telefônica Brasileira (CTB), no centro de São Paulo. O projeto do modelo Concha data do mesmo período.
Já o Chu II, conhecido como o tradicional Orelhão, foi desenvolvido com base no Orelhinha e dispensou a transparência possível aos modelos anteriores como forma de garantir mais privacidade ao usuário. Ele também incorporou a fibra de vidro como material, por ser mais forte, leve e resistente.
Em janeiro do ano seguinte, em 1972, os Orelhões foram inaugurados nas cidades do Rio de Janeiro, no dia 20, e de São Paulo, cinco dias depois. Em 1973, por sua vez, iniciou-se à exportação dos Orelhões brasileiros, primeiramente para Moçambique. O modelo de Ming Silveira inspirou, ainda, projetos em outros países da África, como Angola, da América Latina, entre eles Perú, Colômbia e Paraguai, e na China, graças ao conforto que proporcionava às conversas telefônicas profissionais e pessoais — em tempos nos quais nem todos dispunham de linha telefônica própria –, decorrente da sua forma inspirada no ovo, “a melhor forma acústica”, segundo sua idealizadora.
Caindo nas graças dos usuários, não demorou para que a população tratasse de acrescentar apelidos à lista de como o protetor para telefones públicos Chu II passou a ser conhecido, como Tulipa, Capacete de Astronauta e, claro, o icônico Orelhão.