Por Raquel Derevecki/Sempre Família – 20/06/2021
Enquanto caminha pelo centro de São Paulo, o guarda civil metropolitano Marcos Antonio de Moraes busca algo bem diferente dos outros profissionais fardados que atuam ali. “Presto atenção nos olhos de cada morador de rua que encontro e percebo quem está gritando por socorro através do olhar”, afirma o paulista de 57 anos, que recolhe essas pessoas, promove o reencontro delas com a família e as ajuda em sua reinserção na sociedade. “Já são quase 300 casos atendidos”.
De acordo com o guarda, as ações começaram por volta de 2004, quando ele ingressou na corporação decidido a se aproximar desses indivíduos, ouvir suas histórias e incentivá-los a recomeçar. “A gente percebe quando a pessoa está falando a verdade, então, se vejo que alguém realmente quer mudar de vida, faço o possível para isso”.
E foi assim que ele ajudou o gaúcho Antônio Egídio, primeiro morador de rua beneficiado pelo trabalho. “Ele me disse que seu sonho era ver o casamento da filha, então fui atrás e, mesmo com dificuldade na época, encontrei a família no interior de São Paulo”, conta Marcos, ao lembrar que ligou diversas vezes no orelhão que existia na rua até falar com os familiares. “Aí preparei a documentação dele, paguei um corte de cabelo, banho, roupas, passagem, e o Seu Antônio viu a filha casar”, comemora.
Aos poucos, situações como essa se tornaram cada vez mais frequentes, principalmente depois que as ações ficaram conhecidas nas redes sociais e receberam compartilhamentos por todo o Brasil. “Eu postava a foto do morador de rua com as informações a respeito dos familiares, e logo a imagem esbarrava em algum parente”, relata Marcos, que localizou dessa forma a mãe do pernambucano Airton.
“Esse senhor me falou que havia perdido o emprego há 20 anos e queria voltar para casa, só que não tinha documentos e nem o contato da família”, conta o guarda, que conseguiu reunir mãe e filho, em Recife. “Foi perfeito!”, afirma. “Inclusive, recebi esses dias uma foto em que a mãezinha dele, com mais de 70 anos, estava segurando ele no colo”.
Só que nem todas as histórias terminam com o reencontro tão esperado. Segundo o morador de São Paulo, algumas famílias não são localizadas e outras nem aceitam receber de volta o morador de rua devido aos conflitos que tiveram ou aos vícios que o indivíduo adquiriu nas ruas, como álcool e crack.
Mesmo assim, Marcos tenta ajudá-los com doação de roupas e alimentos que carrega em seu carro, com o encaminhamento para tratar o vício e buscando uma vaga de trabalho que estimule a pessoa a deixar as ruas. Além disso, afirma que já levou gente para sua própria casa e até recebeu um senhor como membro da família. “É o Seu Geraldo, que é pedreiro, conseguiu vários trabalhos e hoje convive comigo e com minha esposa de forma muito respeitosa”, conta.
Foto da chamada: Arquivo pessoal/Marcos Antonio de Moraes
Fonte: https://www.semprefamilia.com.br/virtudes-e-valores/guarda-civil-acolhe-moradores-de-rua-de-sao-paulo-e-reintegra-os-as-suas-familias/?utm_source=salesforce&utm_medium=emkt&utm_campaign=newsletter-inspira&utm_content=inspira – Copyright © 2021, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.